Quando a sua boca fala pelo seu coração: a relação (silenciosa) entre doenças orais e risco de AVC
Maria tem 52 anos. Faz caminhadas regulares, controla a tensão, não fuma, podemos dizer que tem hábitos de vida saudáveis.
Um dia, num ‘check-up’ dentário, repara em sangramento nas gengivas. “É só stress”, pensa. Meses depois, um amigo sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ela própria descobre algo que a surpreende: inflamação gengival crónica e periodontite podem aumentar o risco de doença cardiovascular e AVC.
Nesse momento, Maria percebe que a saúde oral não é uma questão estética, mas é um indicador do que se passa no resto do corpo. Por isso, vale a pena ouvir o que a sua boca tem para lhe dizer!
Conteúdos abordados:
O elo boca❤coração: o que a ciência já esclareceu
A evidência científica acumulada nos últimos anos é clara: doenças periodontais (como a periodontite) estão associadas a maior risco de episódios cardiovasculares (enfarte, AVC) e até de mortalidade por todas as causas.
A European Federation of Periodontology e a World Heart Federation publicaram um consenso que sintetiza décadas de investigação: a periodontite está ligada a doença aterosclerótica (coronária e cerebrovascular), o que sustentou recomendações práticas para médicos dentistas e cardiologistas.
Em paralelo, estudos mais recentes reforçam que a saúde oral é um fator modificável do risco cardiovascular.
Sabe-se que a inflamação sistémica originada na cavidade oral contribui para:
- Disfunção endotelial;
- Formação e instabilidade da placa aterosclerótica;
- Alimentar o terreno pró-trombótico.
E onde fica o AVC?
A literatura específica para esta patologia aponta na mesma direção: as pessoas com doença periodontal apresentam risco superior de AVC quando comparadas com indivíduos periodontalmente saudáveis, ou seja, existe impacto da periodontite no risco de AVC.
A JADA (Journal of the American Dental Association) também tem vindo a documentar a associação entre periodontite e doença cardiovascular em geral. Nesses estudos têm sido incluídos dados de desfechos que dizem respeito a doentes com enfarte.
Isto é um sinal. Sabe de quê? O que acontece nas gengivas não fica nas gengivas.
“Como é que as gengivas chegam às artérias?” (em linguagem simples)
Quando há periodontite, a barreira gengival fica mais permeável. As bactérias e toxinas podem entrar na circulação (bacteriemia), ativando o sistema imunitário. Este estado de inflamação crónica:
- Aumenta citocinas inflamatórias;
- Favorece a aderência de monócitos ao edotélio;
- Promove celúlas espumosas e placas ateroscleróticas instáveis.
Qual é o resultado? Artérias mais vulneráveis e maior probabilidade de eventos como AVC.
Por que é que estes dados contam para os portugueses?
Os dados nacionais também sugerem que comportamentos orais (como escovar menos e ir pouco ao dentista) estão associados a piores desfechos cardiometabólicos (hipertensão, enfarte, AVC, diabetes).
- A mensagem é direta: prevenção oral regular traduz-se em menor risco para o coração e o cérebro.
A Ordem dos Médicos Dentistas reforça: tratar a periodontite e manter higiene oral adequada melhora marcadores cardiovasculares e deve fazer parte do plano de cuidados de quem tem ou quer evitar doença cardíaca.
Sinais de alerta na boca (que o seu coração quer que leve a sério)
- Sangramento gengival ao escovar ou usar fio/interdentais
- Hálito persistente, gengivas inchadas ou “a recuar”
- Dentes a abanar ou sensibilidade nova.
Estes sinais pedem avaliação periodontal (especialmente se tem mais de 40 anos ou factores de risco – tensão alta, colesterol, tabaco, história familiar).
O que pode fazer desde hoje para o bem da sua saúde oral (e não só)
- Higiene oral consistente (escovagem 2×/dia + fio/interdentais).
- Consultas periódicas (higiene oral, avaliação periodontal, planeamento personalizado).
- Diga ao seu médico dentista se tem diagnóstico cardiovascular, toma anticoagulantes/antiagregantes ou tem risco elevado.
- Integre a boca no check-up global: saúde oral é parte da saúde cardiovascular.
Curiosidade útil: a diabetes e a periodontite alimentam-se mutuamente. Se vive com diabetes, controlar a inflamação gengival é um passo com impacto real no risco cardiometabólico. Aprofunde aqui esta relação.
Invista 60 segundos e complete esta 'checklist' para avaliar a sua saúde oral
- Escova os dentes duas vezes por dia e usa fio/interdentais?
- Fez consulta de higiene oral, ou como se diz na gíria limpeza dentária, nos últimos 6 meses?
- As gengivas não sangram quando escova?
- Evita fumar e mantém alimentação equilibrada?
- Conhece os seus níveis de tensão arterial e colesterol?
- Informa o seu dentista sobre doenças cardíacas, diabetes ou medicação?
- Se marcou “não” em duas ou mais… está na hora de uma avaliação periodontal. A sua boca e o seu coração vão agradecer. Saúde oral e prevenção do AVC andam de mãos dadas.
Quando e por que deve procurar A Clínica Dr. Pedro Mota sempre que falamos de doenças orais e risco de AVC
A Clínica Dr. Pedro Mota trabalha a saúde oral com visão integrada e baseada em evidência. As especialidades com mais impacto nesta temática incluem:
- Periodontologia — diagnóstico, tratamento e manutenção de doença periodontal (travando a inflamação crónica).
- Medicina Dentária Preventiva/Higiene Oral — planos de prevenção e controlo de placa bacteriana (o “seguro de vida” da sua boca).
- Reabilitação Oral/Implantologia — quando é preciso repor função e saúde dos tecidos, com foco na estabilidade periodontal.
Se quer reduzir risco cardiovascular e proteger-se do AVC, comece pela boca: uma avaliação periodontal identifica inflamação silenciosa e ajuda a definir um plano de ação e controlo.
Temos uma mensagem simples para si: cuidar da boca é cuidar do coração. Uma gengiva saudável reduz inflamação e ajuda a manter artérias mais seguras.
Marque a sua avaliação periodontal n’A Clínica Dr. Pedro Mota, a sua saúde geral agradece.
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